quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Nossa experiência de parto - Parte 2

Entramos pela emergência do hospital.

Tinha uma moça na recepção fazendo o cadastro de outro paciente e o meu marido ficou em pé na frente dela, pra tentar agilizar o processo.

Ela começou a enchê-lo de perguntas sem muito propósito e ele disse que eu estava em trabalho de parto. Foi quando a Carla foi perguntar se não dava pra eu ir para a avaliação com a enfermeira obstetra, enquanto ele fazia a parte burocrática. Em alguns minutos apareceu um moço com uma cadeira de rodas pra me levar. Eu não precisava de uma cadeira de rodas e perguntei se aquilo era mesmo necessário. Ele foi curto e grosso: SIM. Sentei né? Fazer o que? Fui levada para uma das salas de pré-parto e a Carla foi junto, ainda bem - acho que corredor de hospital é meio sombrio... Chegando lá, a enfermeira fechou a porta (nesta sala ela não deixou que a Carla entrasse) e me pediu para deitar (que péssima idéia) e também começou a fazer um monte de perguntas enquanto eu me contorcia na maca. Até qual é a minha religião, eu lembro dela ter perguntado. Só depois desta bateria de perguntas, ela veio me examinar.

Neste momento lembrei da Carla me dizendo que se o exame de toque detectasse uma dilatação ainda pequena, que não era pra eu desanimar, que era pra eu me manter forte e pensar no bem do Gustavo.

Qual não foi a minha surpresa quando ela disse: "você está indo muito bem, já está com 8cm de dilatação". Mas mais surpresa ficou ela quando eu disse que queria um parto normal e se possível sem intervenções. E ela perguntou olhando pra mim como se eu fosse um E.T.: "mas nem anestesia??"

Mas mesmo diante dos meus apelos, ela disse que TINHA que fazer a tricotomia, porque a episiotomia é de praxe. Olha que absurdo. Eu insisti dizendo que já tinha conversado sobre tudo isto com o Dr Sergio e que tínhamos um acordo. Mas foi em vão....

Mas o pior ainda estava por vir. Ela ligou para o celular do Dr Sergio e ele não atendeu. Fez mais umas duas ou três tentativas e as ligações começaram a cair na caixa postal. A esta altura do cameonato, meu marido já tinha chegado e a Carla já tinha entrado na sala. Então todo mundo começou a tentar tanto para o celular quanto para a casa dele. E nada...

Depois de uns 20 minutos tentando, a enfermeira disse que não dava mais pra esperar e me perguntou se ela podia chamar o plantonista. Fiquei tão perdida aquela situação que as contrações simplesmente pararam. Fiquei sei lá quanto tempo sem ter nenhumazinha. A enfermeira tentou me consolar dizendo que o plantonista não era um cesarista, mas a minha frustração era grande naquele momento. Fiquei tanto tempo tentando encontrar um profissional com quem eu pudesse ter meu filho do jeito que eu queria e na hora H eu teria que contar com a ajuda de um médico que eu não conhecia...

Diante desta situação, olhei pra enfermeira e falei com um sorrisinho amarelo "que opção eu tenho?" Falei que ela podia chamar o plantonista. O Carlos teve que ir novamente na recepção porque somente depois que o médico diz que está a caminho é que a internação pode ser feita.

Não tenho idéia de quanto tempo demorou para ele chegar (nesta situação um minuto dura muuuito mais que 60 segundos...), mas demorou muito pra eu voltar a sentir uma contração. Quando ele chegou, veio me examinar. Era um senhor já de uns 70 anos, sério e de poucas palavras. Praticamente não dirigiu uma palavra a mim. Falava com a enfermeira como se eu não estivesse ali. Fez o exame de toque e constatou a dilatação que e enfermeira tinha falado. Comentou que a bolsa estava intacta, mas menos de 10 segundos depois a bolsa rompeu. Tenho que registrar que sentir aquele monte de água quentinha saindo foi maravilhosa. Quando a Carla entrou na sala e eu falei que bolsa tinha rompido, ela mais uma vez me encheu com palavras carinhosas de estímulo. Fui levada para o centro cirúrgico. A Carla foi colocar as roupas que eles exigem mesmo para um parto normal (touca, máscara e avental) e eu fui preparada para os procedimentos "de praxe"! O médico espalhou iodo por toda a vulva e pernas e a enfermeira colocou o tão indesejado soro na minha veia. No momento que ela liberou o soro, comecei a sentir dores muuuito mais intensas do que qualquer dor de contração que eu tinha tido até então. Nesta etapa somente a Carla estava na sala. O Carlos ainda não tinha voltado da recepção e eu comecei a ficar preocupada, porque o processo estava adiantado ali no centro cirúrgico e ele não aparecia. A Carla saiu da sala pra ligar pra ele e ver onde ele estava e levou uma das varias broncas que o médico distribui para nós três naquela madrugada. O Carlos disse que já estava se trocando pra entrar. Mas ele nunca entrava... Enquanto eu perguntava pra Carla pela enésima vez onde ele estava o médico soltou mais uma "eu não autorizei que ele entrasse durante a preparação, ele só vai entrar depois".

Este "depois" demorou uma eternidade...

Quando ele entrou na sala, me senti mais tranquila, e daí pra frente me lembro de pouca coisa.

Acho que daqui pra frente o relato seria mais rico em detalhes se fosse escrito pelo papai ou pela doula. O que mais lembro é do médico me pedindo pra fazer força e na maioria das vezes eu não sentia nenhuma vontade e era um esforço fora do comum. Cheguei a pensar que não ia conseguir.

Nas poucas vezes que eu sentia esta vontade, era uma coisa incontrolável. Numa destas poucas vezes, lembro dele ter dito "pode parar" e eu disse "não consigo". Acho que foi o momento que ele virou de lado pra colocar os óculos (???... não me perguntem, também não tenho nem idéia se ele tinha feito tudo até então sem enxergar direito, inclusive a episiotomia) e foi quando o Gustavo nasceu.

O médico nem viu... quem o pegou foi a pediatra. Quando ele olhou de novo, o Gustavo já estava chorando!

Meu filho teve pressa para vir ao mundo e saiu inteirinho de uma vez só! Não foi como eu estava acostumada a ver: primeiro a cabeça, aí numa próxima contração um dos ombros, etc.

Não! Foi de uma vez mesmo.

A sensação que tive no momento exato do nascimento foi de prazer, de alívio e emoção!

Apesar dos problemas que tivemos com o sumiço do médico, eu fiquei feliz.

Meu filho nasceu de parto normal como eu tanto esperei.

E acima de tudo, ele nasceu saudável!

Dia 31/12 viemos para casa!
Começou uma nova e maravilhosa etapa das nossas vidas!

4 comentários:

Camila Bandeira disse...

Apesar das dificuldades, foi como você queria, né? E ele ter vindo com saúde é o mais importante. Parabéns!
Seu relato também foi muito bonito, vai ser uma lembrança e tanto para seu filhote lindo. Curta o momento e aproveite tudo! Beijos

Cíntia disse...

Oi Fabi! Adorei o relato. Se ainda der tempo, queria falar contigo sobre as contrações. Nossa doula, será a própria midwife e parece que ela pode ajudar bastante. Se puder, envie um email. Beijos

Paloma Varón disse...

Fabi, eu não tinha lido isto aqui (não sei como perdi). Fiquei chocada com este médico bizarro que não falava, mas graças a deus tudo correu bem e vc e o Gustavo ficaram bem. E vc conseguiu falar com o que era o seu médico depois?
Beijos

Fabi disse...

Fabi, ja li seu relato do parto varias vezes e hoje de novo, lindo e muito lindo, quero um parto assim, sem intervenções e um bebe super saudável. Parabéns mais uma vez amiga. bjs Fabi

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