sexta-feira, 4 de maio de 2012

Vídeo do Ishtar para o dia das mães

O Ishtar Sorocaba acabou de lançar um vídeo feito com a participação de mães que frequentam ou frequentaram o grupo.

Foi feita a seguinte perguntas às mães: "Se você pudesse voltar no tempo antes de ter o seu primeiro filho,o que diria a si mesma?" e as respostas estão no vídeo.

Assistam nesse link , comentem, enviem e compartilhem em suas redes sociais!

terça-feira, 1 de maio de 2012

O nascimento da Graziela - parte 2

Algum tempo depois a Carla chegou. Ela começou a massagear minha lombar, mas muito diferente do meu primeiro trabalho de parto, desta vez a massagem não aliviava a dor. Instintivamente, eu comecei a rebolar e parece que isto ajudava. Então não parei mais. Rebolava enquanto estava de pé, quando cansava, ficava de quatro apoiada na bola e fazendo movimentos de vai e vem, sempre com a lombar embaixo do chuveio.

Na minha lembrança eu reclamava muito da dor, a cada contração eu reclamava. E a reclamação ora vinha acompanhada de um xingamento, ora de um pedido a Nossa Senhora! A Carla sempre me falava algumas coisas, mas eu quase não conseguia ouvir. Já estava meio em transe e as lembranças são picadas.

Lembro de me sentir muito, mas muito cansada mesmo. Em algum momento pedi para sair do chuveiro e fui para o quarto. Fiquei no chão, no pé da cama, de quatro. Ainda rebolava. Como as massagens não estavam resolvendo, falei para a Carla que eu queria tentar passar por uma contração sozinha. E assim segui até o final.

A dor era realmente intensa, cheguei a vomitar. Lembro de estar colocando tudo pra fora e com o rabo do olho, percebi que alguém tinha chegado no quarto. Quando consegui olhar, vi que era a Kelly. Ainda comentei que o momento não era nada glamuroso, ela só me respondeu: " a gente dá um jeito". Fui para o banheiro de novo.



A parteira chegou à 01:01h.
Ela ouviu o coração da minha filha e disse que estava tudo bem. A bolsa ainda estava intacta. Algum tempo depois, falei que estava com muita vontade de fazer força, por sugestão dela, sentei no vaso! Fiquei algum tempo lá e ela ficou na minha frente, aparando para o caso da Grazi nascer. A noção de tempo nestes momentos fica realmente muito alterada. No meu pensamento, eu tinha ficado muito tempo no vaso. Eu me apoiava na parteira, a abraçava. Ela carinhosamente, retribuia o abraço.


Eu reclamava muito, da dor e do cansaço e perguntava se estava acabando. Ela então me disse que a cabecinha dela já estava ali, que se eu colocasse o dedo, sentiria. Neste momento tive mais uma contração. Esperei passar e coloquei o dedo. Senti a cabeça da minha filha ainda dentro de mim! Foi maravilhoso. Talvez por constatar, eu mesma, que realmente estava acabando.

Ela novamente sugeriu de irmos para o quarto. Sentei no mesmo lugar. No pé da cama.
Eu estava muito cansada. Queria deitar, queria descansar. Mas não conseguia. A única posição que eu conseguia ficar era de quatro. A parteira falou pra eu ficar de cocóras, sustentada pelo meu marido. Tentei, mas achei ruim.


Assumi a posição de quatro que era o que o meu corpo pedia!
Senti um puxo e fiz muita força. Comecei a sentir o tão falado círculo de fogo. Queimava, ardia. A sensação que eu tive, era de que eu iria partir ao meio. No meu plano de parto, eu pedi para ver quando ela estivesse coroando e nesta hora, elas colocaram um espelho para que eu pudesse acompanhar a descida da Grazi.



Olhei, mas mal conseguia enxergar. E o pouco que vi, nao gostei muito. Mesmo assim, ainda olhei mais umas duas vezes. Tive mais um ou dois puxos e no último, a parteira disse que a bolsa ainda não tinha rompido e que ela nasceria dentro da bolsa. Quando senti este último puxo, já não estava mais aguentando e usei toda a energia que me restava para fazer força e expulsá-la de uma vez. E ela nasceu!! À 1:29h da manhã do dia 09-04. Toda empelicada, como elas disseram, envolta na bolsa, protegida!

A parteira a aparou e a "desembrulhou". Ela ficou alguns segundos no chão. Eu não conseguia fazer outra coisa, senão chorar e sorrir. Instintivamente, olhei para trás, para onde a minha mãe estava, no cantinho do quarto, com as mãos unidas, rezando, agradecendo.

A Grazi foi colocada no meu colo. Tão quentinha e ainda molhada e escorregadia.
Sensação única e indescritível.



Não nos desgrudamos mais. Eu a cheirava, a limpava, a aquecia, a beijava. Quis que o mundo parasse naqueles minutos.



Ainda no chão, dei o peito e ela pegou de primeira, com jeito de bebê experiente.

Quando me levaram para a cama, consegui segurar o cordão que ainda estava pulsando.
Pari a placenta quase meia hora depois que a Graziela nasceu e quase uma hora depois o cordão foi cortado pela minha mãe!
Tive uma laceração de segundo grau (envolvendo pele e músculo) e precisei de alguns pontos, mas a aparência geral da região, mesmo com laceração e pontos em nada se compara a aparência de uma episiotomia. A recuperação também foi bem mais rápida: em uma semana já não sentia mais nenhum incomodo ou dor!

A Graziela ficou no meu colo, mamando enquanto a parteira dava os pontos.



Depois fui tomar um banho (devidamente "monitorada" pela parteira) e só então a Grazi foi medida e pesada pela neonatologista: 2890g e 47cm Ela tomou vitamina K via oral, não precisou ser aspirada, não foi esfregada para ser limpa, nada disto. Recebeu apenas carinho e amor!

A neonatologista "avaliando" a minha pequena!


Todos foram embora por volta das 4:00h da manhã.

A noite teria sido perfeita (inclusive eu desejava que ela nascesse durante a madrugada, assim como foi com o Gustavo) não fosse a minha idéia estapafúrdia de ir ao banheiro sozinha. Fiz xixi no vaso e estava me sentindo ótima, então resolvi me lavar no chuveiro em vez de usar papel higiênico. Fiquei só com a blusa do pijama e entrei no chuveiro. Comecei a me lavar e em poucos segundos senti que estava perdendo os sentidos. Chamei pelo Carlos (mas só Deus sabe qual a altura da minha voz neste momento, provavelmente um sussuro) e apaguei. Acordei sentindo a blusa molhada, o cabelo pingando e pensei que tinha sonhado. Não me lembro da minha mãe e do Carlos que a esta altura já estavam comigo no banheiro. Segundo eles, eu disse apenas que bati a cabeça e apesar de muito pálida, parecia meio lúcida, mas não queria levantar do chão. Por algum motivo ainda desconhecido, o Carlos saiu do banheiro e me deixou sozinha com a minha mãe. Desmaiei de novo e minha mãe tentando segurar todo o peso de um corpo largado, gritou pelo Carlos. Quando acordei de novo, ele estava tentando me levantar para me levar para a cama.

Fiquei com um galo enorme na testa e um ralado na bochecha e em resumo, dormi com mais dor na cabeça do que na periquita (e olha que ela estava dolorida, viu...)

Minha mãe dormiu no quarto do Gustavo com ele e nos contou que ao acordar, ainda sem saber de nada, antes de vir para o meu quarto, como ele sempre faz, ele entrou no quarto da Graziela, ficou um bom tempo olhando para as letras na parede (que ele me ajudou a fazer) e que foram colocadas no domingo de manhã e disse "tá bonito"!


Em seguida perguntou "cadê a mamãe?" e só então veio para o meu quarto.
Ele viu a Graziela no carrinho e disse que era um nenê. Eu falei que era a irmãzinha dele, mas ele insistiu que era "um nenê" e que a Graziela estava na minha barriga (que aos olhos de uma criança, deveria estar praticamente do mesmo tamanho que no dia anterior).
No entanto ele pediu para segurá-la!

E assim começou nosso dia:




Como disse a Lia no relato de parto da Margarida, parindo em casa a gente pode sentir a continuidade da vida, já que não existe quebra de rotina. "Não saímos do nosso ninho, não há grandes produções, grandes resguardos. Simplesmente o sol nasce e há mais uma criança em casa".

Bom demais!
Bonito demais!
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