sexta-feira, 30 de setembro de 2011

As lembranças e as escolhas

Quando eu estava grávida do Gustavo, no primeiro encontro do Ishtar que eu fui, conheci algumas grávidas que pretendiam ter seus filhos em casa. Naquele primeiro momento, pensei comigo, o que é que eu tô fazendo aqui?  Achei que o grupo era alternativo demais para os meus padrões.

Eu ainda era bobinha. Achava que era simples ter um parto normal no hospital, que bastava querer.

Então que eu saí deste encontro achando a mulherada muito louca, muito hippie, mas também sai com algumas pulguinhas atrás da orelha.
E comecei a ler mais, pesquisar mais, pensar mais e mais no assunto. Fiz infinitas consultas com varios médicos do convênio e percebi que a conversa era sempre a mesma e eu já tinha sido alertada sobre aquele lenga-lenga. Até que decidi conversar com alguns profissionais humanizados. E de repente me vi cogitando de ter o meu filho em casa também. E quanto mais eu conversava sobre isto, mas eu me apaixonava pela idéia.

No fim das contas, não deu nada certo por varios motivos dos quais já falei aqui no blog na época (quem mandou ter uma DPP para 30 de dezembro?) e o Gustavo nasceu mesmo foi no hospital, com o médico plantonista. Nem o GO mais ou menos humanizado que arrumamos, apareceu. Tanta busca, tanta pesquisa, tantas consultas, tanta esperança, tanto vai e vem durante a gestação, pra ter este desfecho? Mas peraí! Apesar de tudo isto e diante da triste estatística do nosso país, ainda acho que tive sorte. Afinal, o plantonista escolheu não cortar minha barriga e o Gu nasceu de parto vaginal. Uau! Que vitória!!
Das intervenções que tanto ouvi falar, passei por algumas:  rompimento artificial da bolsa, tricotomia, o famoso soro com ocitocina na veia e a episio. Tudo isto, obviamente, sem nenhuma possibilidade de escolha.
Mas eu sou tranquila. Não sou de ficar elaborando as passagens da vida, de ficar remoendo e tentando achar explicações para o que fugiu do planejado. Aceitei tudo o que aconteceu e ponto.
Tirando a cicatriz da episio, estes fatos todos não deixaram nenhuma grande marca na minha vida, nem na minha alma.

Mas isto não quer dizer que eu escolheria fazer tudo igual desta vez! Não mesmo!

Engraçado que as lembranças mais fortes que tenho da noite que o Gu nasceu, são dos praxes do hospital:

- ser levada da recepção numa cadeira de rodas
- não poder fazer um xixi no banheiro (vai que o menino nasce no vaso, né gente?)
- a recusa categórica em me dar água para eu matar a minha sede  
- as tiras de pano que amarraram as minhas pernas naquele suporte (para não "fugir" da posição ginecológica que os hospitais impõe e que além de humilhante é extremamente desconfortável)
- e outras coisas do tipo.

Outra lembrança marcante é do tempo que fiquei esperando para ser levada para o quarto.
Assim que o Gustavo nasceu, ele ficou um tempinho (inho mesmo) comigo e depois foi levado para o berçário e com ele foram o meu marido e a pediatra.
A minha doulamiga, já tinha feito (e lindamente) o trabalho dela e estava cansada. Além disto, ela tinha um bebê de seis meses na época, que estava com o pai no estacionamento do hospital, esperando pelo seu leitinho. Então, ela foi embora.
O obstetra terminou de fazer a sutura e foi embora.
Outras duas pessoas que estavam lá durante o parto, transferiram a maca onde eu estava para uma cama com rodas, me disseram que alguém viria me buscar para me levar para o quarto e foram embora.

Fiquei sozinha deitada naquela cama na porta do centro cirúrgico sei lá por quanto tempo. Era madrugada e talvez por isto, pouca ou nenhuma movimentação nos arredores dos centros cirúrgicos.

Só sei que vi a moça da limpeza chegar, retirar todo aquele monte de pano usado para limpar o corte, os panos que foram usados para limpar o Gu, os lençóis e jogar tudo dentro de um cestão. Também a vi recolhendo a placenta e todo o material descartável. Em resumo, vi a sala ficar novinha em folha.
Quando ela saiu, me perguntou porque eu ainda estava ali e disse que chamaria alguém para me levar, o que na minha percepção avariada de tempo (coisas de uma recém parida que mal viu a carinha do rebento) demorou mais uma eternidade para acontecer. Uma eternidade solitária e silenciosa.

Desta vez eu quero acolhimento. Eu quero aconchego. Quero carinho.
E é por estas e outras (muitas outras) que desta vez o hospital só será "visitado" em caso de emergência.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Agradecimentos

Como eu sei que quase ninguém volta para ler a caixa de comentários depois que escreve o seu próprio, vou agradecer neste post mesmo (afinal o blog é meu e eu faço dele o que eu quiser)

Então, MUITO OBRIGADA queridas:

Cíntia mãe da Beatriz: se anime sim, quando for a hora certa pra vocês.
Fabi mãe da Laura: estou na 11a semana e pode deixar que quero voltar a blogar sim. É só uma questão de me sentir melhor (fisicamente falando) 
Roberta mãe da Luísa e da Rafa:  é como vc disse, por enquanto é difícil acreditar que caiba mais amor, mas sei que vai sim se multiplicar.
Paloma mãe da Ciça e da Cali Cali:  só espero que passe logo e que não dure os 9 meses como aconteceu com a Cíntia e com a Marina...rsrs
Camila mãe da Gabi e do Pedro: :-D  Gostei de saber que você me acha bem humorada!!! Eu, de fato já estou com vontade, há alguns dias, de sentir cheiro de bolo assando, mas me falta coragem para fazer a massa... :-(
Marina mãe da Bia: não se deixe levar por este medo não. Na grande maioria das vezes, uma gravidez é muito diferente da outra. Quando decidir engravidar de novo, tenha fé e pense positivo!
Kelly mãe da Clara: a coisa com os cheiros tá "braba" mesmo. Às vezes só de pensar sinto ânsia.
Vivian mãe do Gabi: Para desespero de algumas pessoas mais conservadoras, eu ainda amamento sim! rs
Ale mãe da Gabi: Que ele ou ela seja saudável é tudo o que eu quero. Se for uma menina, vai ser bacana, mas se vier um menino, vai ser lindo também! :-)
Carol mãe do Isaac: tomara Carol,  tomara que passe mesmo. 
Paula mãe do Edu: pois é amiga! A gente quis e Deus mandou! Lá por abril chega o(a) irmãozinho(a) do Gu.
Flavia mãe do João: nem precisava dos dizeres entre parenteses. A gente sabe quando as palavras vem láá de dentro!
Lia mãe da Emília e da Margarida: também quero escrever uma história diferente desta vez! ;-)
Sarah mãe do Bento: Lindo é o seu carinho, mesmo em se tratando desta amiga desnaturada aqui.
Lu mãe do Nic e do BB2 na barriga: queridona, já nos falamos bastante nos "bastidores" né? Obrigada ao quadrado!
Dea mãe da Nina: viu só? a gente passa um tempo sem escrever, é nisto que dá. Um monte de novidade ao mesmo tempo. Sobre o segundo, concordo que tem que ter coragem e foi por isto que decidimos não esperar muito tempo, para não perder o pique. E o Gu (este meu gostoso) tem ajudado bastante. Como vc mesma disse, já tá um "moção" dormindo a noite toda. 
E por fim, minha amiga querida do mundo real:
Carla mãe do Henrique e da meninoca na barriga: eu também estou com muita saudade de vocês. Temos muito o que conversar, mas não vai ser por aqui, né? rs

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Notícias e novidades

Antes de mais nada, muito obrigada a todas que deixaram comentários tão carinhosos nos últimos posts.

Um "muito obrigada" especial também para a Carla, para a Fabi, para a Lu, para a Flavia e para a  que deixaram comentários ou enviaram emails,  preocupadas com o meu silêncio. Vocês são muito queridas!

***

O Carlos chegou no dia 28/08, uma semana antes do previsto e está tudo bem, tudo em paz!

Ainda quando ele estava lá, ele recebeu um presente de dia dos pais. Um vídeo que eu fiz com fotos dos primeiros meses de vida do Gustavo. Tinha também uma música linda de fundo e uma mensagem muito especial no final.  Uma mensagem que explica as minhas oscilações de humor e a minha carência enquanto eu estava só com o Gu.  O meu presente de dia dos pais para o Carlos, foi a notícia de que nosso segundo bebê está a caminho!

É isto mesmo! Estamos grávidos!
Uma gravidez planejada e desejada!

Mas diferente da primeira vez, agora tenho me sentido mal com muito mais frequência.
Enjoo, mal estar, cansaço, sono, intolerância a cheiros e a alguns sabores.

Não tenho vontade de comer nada. Logo eu, que sou boa de garfo.
Na grande maioria das vezes, como por pura obrigação, porque sinto como se tivesse um buraco no estômago. E o pior, é que imediatamente após comer, me sinto como uma jibóia que comeu uma presa muito grande e só tenho vontade de "jiboiar", ou seja deitar, que é a única posição confortável pra ficar e dormir.

Também diferente é a situação.
Da primeira vez, eu trabalhava fora e não tinha que fazer café da manhã, nem almoço. Era só chegar e comer. Fazer janta, só se desse muita vontade. Mas agora tenho o Gu. Que precisa ser alimentado, independente das minhas vontades ou da falta delas. Mas, ó, vou dizer, não tem sido nada prazeroso cozinhar.

Também não faço mais a linha "limpa trilho", que significava comer tudo o que o Gustavo não queria mais (o que sobrava da comida dele, das frutas, do suco, etc). Aliás não posso nem olhar direito para os restos de comida no prato, que já me dá enjoo. Também nunca fui fresca de só comer comida do dia. Muito pelo contrário. Detesto desperdício. Mas, nestas últimas semanas, tenho jogado muita comida no lixo, muito mais do que eu gostaria. Fico com dor no coração, mas é que dependendo do que foi o cardápio, não dá, não rola um "restodontê".

Na primeira gravidez, eu também não tinha que encarar uma fralda cheia de cocô  - um minuto pra eu respirar fundo e continuar a escrever -------

O meu olfato está praticamente igual ao de um cachorro perdigueiro. Sinto cheiro de tudo. De roupa usada até fralda limpa, e pasmem, esta última também me incomoda. De fralda suja a roupa cheirando a amaciante. De cheiro de lixo a cheiro de perfume. E a maioria me incomoda. Até o meu próprio cheiro me incomoda, é mole? Como é possível uma pessoa sentir aversão a si mesma?

Em resumo, estou irreconhecível, uma chata.

Depois que li este post bem humorado da Lu, tive que mandar para o Carlos ler. Pra ver se ele me entende pelo menos um pouquinho. Porque se eu, que estou sentindo os sintomas, estou tendo dificuldade em aceitar que uma gravidez é sim diferente da outra, imagino como é que isto está sendo pra ele!
Porque sinceramente? Eu me coloco no lugar dele e imagino que não deve ser nada fácil. Chegar de viagem depois de quase dois meses de saudade e encontrar uma quase desconhecida em casa, e que ainda por cima não quer saber de muita aproximação?
Eu me sinto péssima.
Mas infelizmente não tenho capacidade física para me comportar de outra maneira.

***

SOBRE O GUSTAVO

O Gustavo está falando algumas palavras como mamãe, papa (às vezes sai o "i" no final), vovô, vovó, Tidi (Cida, que é a babá), pãopau (São Paulo, o time do pai), djá (sempre acompanhado dos bracinhos esticados, para pedir colo, porque a gente sempre conta, 1,2,3 e já).

Ele já "sabe" sobre o bebê, já falei pra ele que o(a)  irmaõzinho(a) está crescendo aqui dentro e agora sempre que a gente pergunta onde está o irmãozinho(a), ele aponta para a barriga (às vezes ele bate na própria barriga... fofo de tudo) e se a gente fala pra dar beijo, ele beija minha barriga.

Curiosamente, assim que o Carlos viajou, ele passou a dormir a noite toda. Eu ainda não sabia, mas eu já estava grávida. E desde então, ele nunca mais acordou no meio da madrugada. Ou seja, não passamos por nenhum processo de desmame noturno. Simplesmente aconteceu. Suave e sereno, como eu sempre sonhei.

E o que é mais interessante, é que ele escolheu exatamente o ínicio da gravidez (que ainda coincidiu com a ausência do pai) para me dar este descanso de dormir noites inteiras.

Continua mamando de dia, embora de uns dias pra cá, num ritmo bem mais lento. A produção diminuiu muito e talvez o sabor do leite também tenha mudado. Mas ele não recusa não. Se eu oferecer, ele aceita de bom grado e fica um tempão ali sugando, sabe-se lá o que (o meu amor talvez). Mas quase já não pede mais o "mamá".

Quando eu gravei aquele depoimento para o blog do Ishtar, eu ainda não sabia da gravidez e falei que gostaria que ele mamasse ainda por muito tempo. Mas se por acaso durante a gravidez, ele escolher que é o momento de parar, mais uma vez, vai ser como eu sonhei, uma transição tranquila, sem cobranças, sem pressão. Estou admirada com esta sintonia dele comigo e orgulhosa do caminho que percorremos até aqui!
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