sábado, 2 de janeiro de 2010

Nossa experiência de parto - Parte 1

Dia 28/12 tivemos nossa última consulta com o Dr Sergio, como já contei aqui no blog.

Estava marcada para 15:00h, mas como sempre fomos atendidos bem depois do horário.
Na sala de espera, tive vontade de ir ao banheiro (para fazer o no 2).

Mais tarde, eu fui descobrir que esta cólica tinha sido a primeira contração de várias que eu sentiria nas próximas 36 horas - que foi o tempo entre esta primeira contração e o nascimento do Gustavo.

A noite do dia 28 e madrugada do dia 29, foram horas confusas. As contrações se tornaram mais nítidas (já sabia que não era só uma dor de barriga) e o intervalo entre uma e outra era inconstante. Acontecia de ter uma sequência de 5 contrações de 10 em 10 minutos e depois vinha outra depois de 25min, meia hora.

Passei a noite toda sentindo as dores (que ainda eram bem suportáveis), mas eu conseguia cochilar nos intervalos das contrações. Já na manhã do dia 29, eu estava me sentindo bem. As contrações continuavam no ritmo e intensidade da madrugada, mas de dia tudo parece melhor. Fiz lasanha para o almoço. Em alguns momentos o Carlos chegou a perguntar se dava pra continuar, porque sempre que dava uma contração eu parava tudo o que estava fazendo.

Depois do almoço, ficamos em casa até por volta das 16:00h, quando saímos para ir no salão. o Carlos tinha marcado de cortar o cabelo às 17:00h. Como saímos muito cedo de casa, antes de ir para o salão, passamos numa casa de sucos para tomar alguma coisa gelada. Fazia muito calor naquela tarde e eu com os meus hormonios alterados, estava sentindo calor em dobro. Pedi uma água de coco e o Carlos um suco de laranja com morango. Na saída, enquanto o Carlos foi pegar o carro eu fiquei na porta da lanchonete esperando e tive uma contração mais forte, que me obrigou a me curvar pra frente. Neste momento estava passando um homem de mãos dadas com uma criança. Ele ficou me olhando assustado e depois que passou por mim, continuou olhando pra trás, mas não perguntou o que estava acontecendo.

Depois fomos para o salão. O cabelereiro era o mesmo de sempre, mas o salão era novo. Cheio de escadas: que canseira subir aquilo tudo. Sentei numa poltrona pouco confortável e tentei folhear umas revistas enquanto o Carlos cortava o cabelo. Nesta altura as contrações já estavam um pouco mais fortes.

Saímos de lá e fomos para o Extra. Por causa das minhas dores, o Carlos questionou se a gente tinha que ir mesmo, mas como não tinha nada pra comer em casa, a gente precisava fazer uma comprinha, mesmo que pequena. Apesar de eu ainda não ter certeza se eu estava ou não em trabalho de parto, eu sabia que não ia demorar a acontecer e precisávamos ter uma reservinha em casa. Ainda mais porque nesta época, até os hipermercados 24 horas, costumam fechar. Ainda bem que nós fomos!!

Quando saímos do Extra, estava chovendo muito forte em Sorocaba e quando estavámos voltando pra casa, vimos que a marginal do Rio Sorocaba estava fechada. O rio estava prestes a transbordar. Então tivemos que fazer um desvio pelo centro (por onde todos estavam indo). Ou seja ficamos presos no trânsito por mais ou menos 40 minutos. Dentro do carro, as contrações começaram a ficar muito mais frequentes. Foi quando eu comecei a anotar os intervalos e duração de cada uma. O intervalo já estava de 5 em 5 minutos, mas a duração de cada contração ainda era de uns 20, 30 segundos. O Carlos começou a ficar preocupado, mas eu falei pra ele que não tinha motivo, porque a duração das contrações tinha que ser mais longa... santa ignorância a minha. Eu mal sabia que já estava em TP. Chegamos em casa por volta de 19:20h

Como eu sempre tinha lido que água quente na lombar ajuda a aliviar as dores, eu fui tomar banho, apesar de ainda não estar sentindo a lombar dolorida.
Quando saí do banho, retomei as anotações dos intervalos:

20:20h
20:24h
20:28h
20:35h

Nesta altura parei de anotar porque fui no banheiro e percebi algo diferente.

Escrevi um SMS para a Carla (a doula que ia acompanhar meu TP e parto).

"Oi Carla, acabei de ir ao banheiro e saiu uma mancha avermelhada no papel. O Dr Sergio disse que se saisse sangue era para ir para o hospital. Será que é o caso?"

Ela me ligou de volta, dizendo que provavelmente era o meu tampão que estava saindo. Me perguntou se eu queria que ela viesse para a minha casa e eu falei que ainda não precisava...

Continuei anotando:

21:12h
21:15h
21:18h
21:21h
21:24h
21:27h
21:32h
21:38h
21:44h
21:47h

Nesta altura, além de bem frequentes, as contrações estavam muuuuito fortes. Em algumas, chegava a escorrer lágrimas dos olhos. Aí sim, a lombar começou a doer de verdade e não tinha posição que fosse confortável. Não dava tempo de descansar entre uma contração e outra. O Carlos, sugeriu que eu chamasse a Carla. Foi o que eu fiz. Ela chegou mais ou menos meia hora depois e deu o "diagnóstico" do qual eu ainda duvidava um pouco (só um pouquinho): "você está em trabalho em parto!"

Ela foi o meu anjo da guarda. Meu suporte físico e emocional na etapa mais difícil do TP. Nunca vou esquecer do carinho e da dedicação dela, das palavras de conforto, do amor que ela dedicou a mim naquela noite! Ela veio com o seu lindo filhinho Henrique, de seis meses, que também fez parte desta história.

Ela trouxe a bola para eu ficar mais confortável e exercitar o períneo. Eu sentava na bola de ficava debruçada na minha cama e ela massageava minhas costas durante as contrações. Também fiquei sentada na bola debaixo do chuveiro e ela sempre por perto para fazer as massagens que aliviavam o corpo das dores. Sem as massagens, teria sido muito difícil aguentar esta etapa.

Mas o que eu mais me lembro mesmo, é das coisas que ela me falava. Quando eu anunciava que vinha mais uma contração, ela dizia que na verdade era menos uma no caminho para eu me encontrar com meu filho! Dizia pra eu relaxar e deixá-lo vir ao mundo! E tantas outras coisas lindas... As lembranças daquelas horas que nós três passamos juntos aqui em casa, vão ficar na minha mente por muito tempo.

Por volta das 2:30h da manhã do dia 30/12, percebendo que as contrações estavam muito frequentes, de 2 em 2 minutos, ela sugeriu que fossemos para o hospital. Enquanto eu me arrumava, comentei com ela que tudo teria sido muito mais difícil se eu tivesse passado por este período do TP no hospital. Ela então perguntou se eu queria ir de imediato ou se eu queria esperar mais um pouco, porque ela achava que não teria problema se ficassemos mais um pouco em casa. Ficamos em casa por mais meia hora mais ou menos. Foi quando eu disse que estava sentindo uma pressão grande perto do cóccix e ela ficou um pouco preocupada achando que o bebê já estava no canal pélvico, pronto para sair. Ela sugeriu que eu fizesse um auto exame pra tentar identificar se tinha algo de diferente. Tentei, mas não consegui. Então achamos melhor ir para o hospital.

No caminho para o hospital, fomos nós duas no banco traseiro. As contrações eram muito fortes e como não dava pra ela massagear, a sensação de dor era pior. Quando a gente estava chegando no hospital, passamos por um momento engraçado: a Carla começou a soluçar! E era um soluço alto, não era contido. Quando desci do carro, tive uma contração e me apoiei no teto do carro e ela ficou atrás de mim massageando a minha lombar e soluçando... eu tive uma crise de riso que não parava. Tive que ir no banheiro, lavar o rosto pra ver se conseguia "descansar" da crise de riso...

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