segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Semana da criança - Nascer com respeito

A rede Parto do Princípio está lançando uma campanha intitulada "Semana do respeito à criança", onde o grupo busca chamar a atenção para as rotinas hospitalares desnecessárias no atendimento ao recém-nascido e à parturiente.

Para quem não tem a menor idéia do que é a rotina hospitalar para um recém nascido, estes são os procedimentos mais comuns que são realizados indiscriminadamente em todos os recém nascidos assistidos por profissionais não humanizados:

- O bebê é retirado pelo obstetra, que logo corta o cordão umbilical, interrompendo bruscamente o fluxo de oxigênio, obrigando o bebê a aspirar e encher o pulmão de ar assim que nasce.


- Imediatamente o obstetra passa o bebê para uma enfermeira, que dá uma limpadinha na criança enquanto a estende ao pediatra, para um primeiro diagnóstico.

- O pediatra coloca uma sonda de plástico nas narinas e na boca do neném, para retirar os líquidos que estão no estômago e nas vias nasais e oral (esse procedimento só é indicado nos poucos casos em que o recém nascido tem dificuldades de respiração e precisa de ventilação).


- O bebê recebe nos olhos um colírio de nitrato de prata, que é necessário para preservar a visão caso a criança entre em contato com a bactéria causadora da gonorréia durante a passagem no canal vaginal. Ou seja, é um procedimento desagradável feito em todas as crianças, mesmo quando a mãe não é portadora de gonorréia e/ou quando o parto não foi vaginal.


- A vitamina K, que previne hemorragias no bebê, geralmente é aplicada através de uma injeção na coxa, mas poderia ser dada via oral. Quando tomada via oral, a família deve ficar atenta para repetir a dose mais duas vezes, em casa.


- Só depois de injeção, colírio e sonda, o bebê é levado para os braços da mãe. E esse encontro, geralmente é apressado. Ainda é rotina de muitos hospitais levar o bebê para o berçário, apesar de muitos estudos comprovarem que o melhor para a saúde física e psicológica da família é que o bebê mame e fique no seio da mãe (ou nos braços do pai) durante a primeira hora após o nascimento.


- Nos casos de cesárea, é ainda mais comum separar o bebê da família, tendo em vista a dificuldade da mulher em cuidar do bebê após a cirurgia – no entanto, desde 2005 há uma lei que garante o direito da parturiente ter um acompanhante, que poderia, nesse momento, ficar cuidando do bebê até a recuperação da mulher.

Fonte: Parto do Princípio

Além destes procedimentos, também é muito comum que o bebê seja "alimentado" com soro glicosado e/ou leite artificial, retardando e dificultando o início da amamentação.

O blog do MAPHS publicou hoje uma entrevista muito bacana com a Dra Ana Paulas Caldas que é pediatra neonatologista de Campinas. Ana Paula é uma das poucas profissionais da área que atende partos domiciliares na região e nesta entrevista ela fala sobre o quanto os protocolos hospitalares são arcaicos e desatualizados, não levando em consideração as evidências científicas atuais.

2 comentários:

Patrícia Boudakian disse...

Quando estava prestes a parir e me informei sobre os procedimentos hospitalares fiquei horrorizada. Chorei copiosamente. E claro, corri para um pediatra humanizado. Até decidir pelo PD.
Hoje, olhando minha filha, não conseguiria imagina-la passando por todos aqueles desnecessários procedimentos. Dói a alma só de pensar!

Vou escrever algo também!

Um beijo!

Paloma Varón disse...

Estes pricedimentos são uma espécie de tortura, né? Muitas acreditam que é um mal necessário. Não é. Temos que incentivar as mulheres que vão parir em hospital a se informarem e fazerem plano de parto, discutirem ANTES com a equipe médica, que consegue, sim, burlar muitas normas de hospitais.
Beijos

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