A rede
Parto do Princípio está lançando uma campanha intitulada "Semana do respeito à criança", onde o grupo busca chamar a atenção para as rotinas hospitalares desnecessárias no atendimento ao recém-nascido e à parturiente.
Para quem não tem a menor idéia do que é a rotina hospitalar para um recém nascido, estes são os procedimentos mais comuns que são realizados indiscriminadamente em todos os recém nascidos assistidos por profissionais não humanizados:
- O bebê é retirado pelo obstetra, que logo corta o cordão umbilical, interrompendo bruscamente o fluxo de oxigênio, obrigando o bebê a aspirar e encher o pulmão de ar assim que nasce.
- Imediatamente o obstetra passa o bebê para uma enfermeira, que dá uma limpadinha na criança enquanto a estende ao pediatra, para um primeiro diagnóstico.
- O pediatra coloca uma sonda de plástico nas narinas e na boca do neném, para retirar os líquidos que estão no estômago e nas vias nasais e oral (esse procedimento só é indicado nos poucos casos em que o recém nascido tem dificuldades de respiração e precisa de ventilação).
- O bebê recebe nos olhos um colírio de nitrato de prata, que é necessário para preservar a visão caso a criança entre em contato com a bactéria causadora da gonorréia durante a passagem no canal vaginal. Ou seja, é um procedimento desagradável feito em todas as crianças, mesmo quando a mãe não é portadora de gonorréia e/ou quando o parto não foi vaginal.
- A vitamina K, que previne hemorragias no bebê, geralmente é aplicada através de uma injeção na coxa, mas poderia ser dada via oral. Quando tomada via oral, a família deve ficar atenta para repetir a dose mais duas vezes, em casa.
- Só depois de injeção, colírio e sonda, o bebê é levado para os braços da mãe. E esse encontro, geralmente é apressado. Ainda é rotina de muitos hospitais levar o bebê para o berçário, apesar de muitos estudos comprovarem que o melhor para a saúde física e psicológica da família é que o bebê mame e fique no seio da mãe (ou nos braços do pai) durante a primeira hora após o nascimento.
- Nos casos de cesárea, é ainda mais comum separar o bebê da família, tendo em vista a dificuldade da mulher em cuidar do bebê após a cirurgia – no entanto, desde 2005 há uma lei que garante o direito da parturiente ter um acompanhante, que poderia, nesse momento, ficar cuidando do bebê até a recuperação da mulher.
Fonte: Parto do Princípio
Além destes procedimentos, também é muito comum que o bebê seja "alimentado" com soro glicosado e/ou leite artificial, retardando e dificultando o início da amamentação.
O blog do
MAPHS publicou hoje uma
entrevista muito bacana com a Dra Ana Paulas Caldas que é pediatra neonatologista de Campinas. Ana Paula é uma das poucas profissionais da área que atende partos domiciliares na região e nesta entrevista ela fala sobre o quanto os protocolos hospitalares são arcaicos e desatualizados, não levando em consideração as evidências científicas atuais.